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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Mais de 35 mil marcham contra o aborto na Irlanda

                            Manifestantes alegam conspiração de mulheres e médicos

                                    
Mais de 35 mil marcham contra o aborto na Irlanda
Mais de 35 mil pessoas foram às ruas de Dublin, na Irlanda, para protestar contra o aborto no sábado, 6 de julho. Os ativistas seguravam placas que diziam: ‘Mate o projeto de lei! Não mate a criança!”
Os manifestantes querem que o governo irlandês revogue o plano para legalizar o aborto para as mulheres em caso de risco de vida da gestante.
A marcha durou cerca de duas horas pela capital até Leinster House, o edifício parlamentar, onde os legisladores são esperados na semana que vem para aprovar a lei.
Os manifestantes querem que a lei de proteção à vida durante a gravidez seja colocado em referendo nacional. “Vamos votar”, gritava a multidão.
O projeto de lei veio depois do caso de uma dentista indiana que morreu durante a gravidez. Segundo o USA Today, os médicos lhe negaram o aborto mesmo depois que seu útero se havia rompido.
A Irlanda proíbe o aborto desde 1986 através de um referendo, alterando a Constituição para declarar que o nascituro tem direito à vida. Entretanto, em 1992, a Suprema Corte decidiu que a Constituição defende o direito de vida da mulher grávida, portanto, legalizando os abortos que salvem a vida da mulher.
O projeto de lei do governo permitiria um aborto para uma mulher suicida se um painel de três doutores unanimante concordassem que as ameaças à mulher são reais.
Os manifestantes alegam que as mulheres iriam conspirar com médicos simpáticos para falsificar ameaças suicidas. Isso iria então permitir maiores acessos ao aborto na Irlanda.
Antes da marcha, o arcebispo Diarmuid Martin conduziu a igreja de Dublin em orações para que a Irlanda mantenha o aborto ilegal.
Fonte: Christian post

Mais de 4.000 venezuelanos recebem a Cristo em grande evento

45 mil pessoas lotaram o Centro de Exposições do Bicentenário


Mais de 4.000 venezuelanos recebem a Cristo em grande evento
No último final de semana, o evangelista Luis Palau pregou para mais de 45 mil pessoas durante sua visita a Barquisimeto, Venezuela. Em uma contagem preliminar, após o evento, a organização informou que houve mais de 4.000 conversões. Isso representa quase 10 por cento dos presentes.
A atividade contou com a participação de vários artistas cristãos como Third Day, Genera Sión e a cantora Mônica.  
A comunidade cristã compareceu em peso no Centro de Exposições do Bicentenário que ficou completamente lotado. Através de muitas telas gigantes acompanharam a mensagem do evangelista Luis Palau.
Palau realizou orações de esperança e de paz para os venezuelanos, devido à situação sócio-política do país sul-americano.
Agenda apertada
Desde a sua chegada à Venezuela, o evangelista reuniu-se comprimiu sua agenda lotada para estar em diferentes mídias daquele país. Ele participou de um programa de rádio chamado "Líder do Amanhã", onde deu conselhos à luz da Bíblia e respondeu a perguntas ao vivo da platéia. 
Ele também participou da gravação de um programa de televisão, onde falou de questões ligadas aos jovens e ofereceu conselhos sobre casamento baseado nos preceitos bíblicos. 
Em um encontro com 450 empresários, cerca de 126 deles aceitaram a Jesus Cristo pela primeira vez como Salvador ou decidiram se reconciliar.
O ministro participou de uma reunião, com mais de 3.000 pastores e líderes, realizada nas instalações da proclamação da Igreja, um dos maiores da cidade de Barquisimeto.
 
Fonte: Mundo Cristiano

Muçulmana dedica seu bebê a Jesus - Por ser estéril, ela seria abandonada pelo marido


                                             
Muçulmana dedica seu bebê a Jesus
Há algum tempo, uma equipe de Portas Abertas visitou uma igreja no Tadjiquistão, reuniu-se com seu líder e deu-lhe algumas Bíblias. Eles tiveram uma conversa encorajadora dentro da igreja. Enquanto estavam reunidos, uma senhora entrou com um bebê nos braços. Diante do altar da igreja, ela começou a chorar e ficou chorando por um longo tempo. O líder, então, nos disse: "Desculpe, tenho de cuidar daquela senhora. Por favor, esperem um pouco". 
Ele foi até a mulher e lhe perguntou: "Minha senhora, posso ajudá-la?". Ela olhou em seus olhos e respondeu: "O senhor não precisa fazer mais nada por mim". E chorou novamente. 
Aquele irmão não entendeu aquela resposta e disse: "O que a senhora quer dizer? Se eu puder ajudá-la, estou pronto a fazê-lo". Ela olhou para ele novamente e disse: "Talvez o senhor não se lembre de mim. Vim à sua igreja há exatamente um ano. Eu era muçulmana, e o meu casamento estava em ruínas. Eu era estéril, e por isso o meu marido queria se divorciar de mim. Estava desesperada. Então ouvi falar que o Jesus dos cristãos podia operar milagres e, em desespero, vim à sua igreja. Naquela época, o senhor orou comigo e pediu um milagre a Jesus. Pouco depois, fiquei grávida. Meu marido e eu ficamos juntos. Nós nos tornamos cristãos e hoje eu vim dedicar meu bebê a Jesus".
Fonte: Postas Abertas

Pastor cria aplicativo contra a pornografia - Na igreja do pastor, cerca de dois mil homens prometeram deixar o vício

Na igreja do pastor, cerca de dois mil homens prometeram deixar o vício


Pastor cria aplicativo contra a pornografia
Um pastor norte-americano lançou um aplicativo de smartphone para ajudar homens a saírem da pornografia. Jay Dennis, pastor na Flórida, é líder da campanha chamada Join 1 Million Men.
A campanha oferece a oportunidade para homens que são viciados em pornogafia a se comprometerem a se livrar disso escrevendo seus nomes no “mural do compromisso” de 1 Milhão de Homens.
Com o aplicativo, os viciados podem ter acesso a recursos, como vídeos, atualizações de eventos e convenções da organização, etc. E com apenas um toque, eles podem firmar o seu compromisso de viverem livres da pornografia.
De acordo com a terapeuta sexual, Wendy Maltz, a pornografia é poderosamente viciante assim como os jogos de azar.
Na igreja de 9 mil pessoas do pastor Dennis, cerca de 2.000 homens prometeram nunca mais olhar para pornografia novamente.
Dennis sofre a resistência de outros pastores que acreditam que a igreja não é o lugar para falar de sexo. Entretanto, ele acredita que até mesmo os pastores sofrem com o mal.
“Há muitos pastores sofrendo com isso pessoalmente”, disse ele, segundo o The Daily Beast.
O site oficial da campanha aponta que quando o apóstolo Paulo falava sobre o pecado sexual em Coríntios, o problema foi mais do que a existência do pecado sexual e como isso a informação sobre o problema se espalhava.
“O maior problema foi que a igreja não tomou nenhuma ação para corrigir a imoralidade. O problema da igreja foi a arrogância (1 Coríntios 5:2).”
“A arrogância cega o coração e a mente e impede a pessoa de ver sua condição espiritual ou a condição espiritual de seu irmão ou irmã. A marca da espiritualidade dos coríntios produz insensibilidade ao pecado. A insensibilidade ao pecado reduz as consequências do pecado sexual nas mentes daqueles que tem a vida no espírito.”
Fonte: Christianpost

Bancada Evangélica impede votação da Lei da Palmada - Deputado conseguiu assinaturas para que a pauta não fosse discutida



Bancada Evangélica impede votação da Lei da Palmada
A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) discutiria a redação final do projeto chamado Lei da Palmada, mas uma articulação política da bancada evangélica na Câmara impediu que a votação acontecesse.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo os deputados da bancada impediram que a votação sobre a ata da reunião anterior fosse aprovada, o que impediu que os trabalhos fossem continuados.
O presidente da Comissão é o deputado Décio Lima (PT-SC) que já convocou uma nova reunião para quarta-feira (10) com a intenção de dar continuidade na pauta.
A referida lei tem como objetivo alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente para proibir que os pais apliquem castigos físicos nas crianças e adolescentes.
Entre os deputados que estão contra a votação da Lei da Palmada na CCJ está o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) que deseja que a pauta seja votada no Plenário. “O texto é uma carta aberta, se fala em castigo físico e tratamento cruel, mas não há gradação do que é ou não possível fazer na educação dos filhos”, disse ele.
O deputado do PDT é a favor da correção e conta sua história pessoal para dizer que a palmada serve de correção desde que não haja abusos. “Eu fui corrigido, tomei palmada, varada, mas virei uma pessoa do bem. Existe pai que educa sem utilizar de castigos físicos, mas não podemos criar uma forma única. O que é preciso punir são excessos e abusos”.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um engano chamado “teologia gay” - Prática da homossexualidade contraria doutrina bíblica e é incompatível com a fé cristã.

Um engano chamado “teologia gay”
O padrão de Deus para o exercício da sexualidade humana é o relacionamento entre um homem e uma mulher no ambiente do casamento. Nesta área, a Bíblia só deixa duas opções para os cristãos: casamento heterossexual e monogâmico ou uma vida celibatária. À luz das Escrituras, relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são vistas não como opção ou alternativa, mas sim como abominação, pecado e erro, sendo tratada como prática contrária à natureza. Contudo, neste tempo em que vivemos, cresce na sociedade em geral, e em setores religiosos, uma valorização da homossexualidade como comportamento não apenas aceitável, mas supostamente compatível com a vida cristã. Diferentes abordagens teológicas têm sido propostas no sentido de se admitir que homossexuais masculinos e femininos possam ser aceitos como parte da Igreja e expressar livremente sua homoafetividade no ambiente cristão.
Existem muitas passagens na Bíblia que se referem ao relacionamento sexual padrão, normal, aceitável e ordenado por Deus, que é o casamento monogâmico heterossexual. Desde o Gênesis, passando pela lei e pela trajetória do povo hebreu, até os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, a tradição bíblica aponta no sentido de que Deus criou homem e mulher com papéis sexuais definidos e complementares do ponto de vista moral, psicológico e físico. Assim, é evidente que não é possível justificar o relacionamento homossexual a partir das Escrituras, e muito menos dar à Bíblia qualquer significado que minimize ou neutralize sua caracterização como ato pecaminoso. Em nenhum momento, a Palavra de Deus justifica ou legitima um estilo homossexual de vida, como os defensores da chamada "teologia inclusiva" têm tentado fazer. Seus argumentos têm pouca ou nenhuma sustentação exegética, teológica ou hermenêutica.
A "teologia inclusiva" é uma abordagem segundo a qual, se Deus é amor, aprovaria todas as relações humanas, sejam quais forem, desde que haja este sentimento. Essa linha de pensamento tem propiciado o surgimento de igrejas onde homossexuais, nesta condição, são admitidos como membros e a eles é ensinado que o comportamento gay não é fator impeditivo à vida cristã e à salvação. Assim, desde que haja amor genuíno entre dois homens ou duas mulheres, isso validaria seu comportamento, à luz das Escrituras. A falácia desse pensamento é que a mesma Bíblia que nos ensina que Deus é amor igualmente diz que ele é santo e que sua vontade quanto à sexualidade humana é que ela seja expressa dentro do casamento heterossexual, sendo proibidas as relações homossexuais.
Em segundo lugar, a "teologia inclusiva" defende que as condenações encontradas no livro de Levítico se referem somente às relações sexuais praticadas em conexão com os cultos idolátricos e pagãos, como era o caso dos praticados pelas nações ao redor de Israel. Além disso, tais proibições se encontram ao lado de outras regras contra comer sangue ou carne de porco, que já seriam ultrapassadas e, portanto, sem validade para os cristãos. Defendem ainda que a prova de que as proibições das práticas homossexuais eram culturais e cerimoniais é que elas eram punidas com a morte – coisa que não se admite a partir da época do Novo Testamento. É fato que as relações homossexuais aconteciam inclusive – mas não exclusivamente – nos cultos pagãos dos cananeus.
Contudo, fica evidente que a condenação da prática homossexual transcende os limites culturais e cerimoniais, pois é repetida claramente no Novo Testamento. Ela faz parte da lei moral de Deus, válida em todas as épocas e para todas as culturas. A morte de Cristo aboliu as leis cerimoniais, como a proibição de se comer determinados alimentos, mas não a lei moral, onde encontramos a vontade eterna do Criador para a sexualidade humana. Quando ao apedrejamento, basta dizer que outros pecados punidos com a morte no Antigo Testamento continuam sendo tratados como pecado no Novo, mesmo que a condenação capital para eles tenha sido abolida – como, por exemplo, o adultério e a desobediência contumaz aos pais.
PECADO E DESTRUIÇÃO
Os teólogos inclusivos gostam de dizer que Jesus Cristo nunca falou contra o homossexualismo. Em compensação, falou bastante contra a hipocrisia, o adultério, a incredulidade, a avareza e outros pecados tolerados pelos cristãos. Este é o terceiro ponto: sabe-se, todavia, que a razão pela qual Jesus não falou sobre homossexualidade é que ela não representava um problema na sociedade judaica de sua época, que já tinha como padrão o comportamento heterossexual. Não podemos dizer que não havia judeus que eram homossexuais na época de Jesus, mas é seguro afirmar que não assumiam publicamente esta conduta. Portanto, o homossexualismo não era uma realidade social na Palestina na época de Jesus. Todavia, quando a Igreja entrou em contato com o mundo gentílico – sobretudo as culturas grega e romana, onde as práticas homossexuais eram toleradas, embora não totalmente aceitas –, os autores bíblicos, como Paulo, incluíram as mesmas nas listas de pecados contra Deus. Para os cristãos, Paulo e demais autores bíblicos escreveram debaixo da inspiração do Espírito Santo enviado por Jesus Cristo. Portanto, suas palavras são igualmente determinantes para a conduta da Igreja.
O quarto ponto equivocado da abordagem que tenta fazer do comportamento gay algo normal e aceitável no âmbito do Cristianismo é a suposição de que o pecado de Sodoma e Gomorra não foi o homossexualismo, mas a falta de hospitalidade para com os hóspedes de Ló. A base para esta afirmação é que se diz, no original hebraico, que os homens de Sodoma queriam "conhecer" os hóspedes de Ló (Gênesis 19.5) e não abusar sexualmente deles, como é traduzido em várias versões, como na Almeida atualizada. Já a Nova versão internacional e a Nova tradução na linguagem de hoje dizem que os concidadãos de Ló queriam "ter relações" com os visitantes, enquanto a SBP é ainda mais clara: "Queremos dormir com eles". Usando-se a regra de interpretação simples de analisar palavras em seus contextos, percebe-se que o termo hebraico usado para dizer que os homens de Sodoma queriam "conhecer" os hóspedes de Ló (yadah) é o mesmo termo que Ló usa para dizer que suas filhas, que ele oferecia como alternativa à tara daqueles homens, eram virgens: "Elas nunca conheceram (yadah) homem", diz o versículo 8. "Assim, fica evidente que "conhecer", no contexto da passagem de Gênesis, significa ter relações sexuais. Foi esta a interpretação de Filo, autor judeu do século 1º, em sua obra sobre a vida de Abraão: segundo ele, os homens de Sodoma se acostumaram gradativamente a ser tratados como mulheres."
Ainda sobre o pecado cometido naquelas cidades bíblicas, que acabaria acarretando sua destruição, a "teologia inclusiva" defende que o profeta Ezequiel claramente diz que o erro daquela gente foi a soberba e a falta de amparo ao pobre e ao necessitado (Ez 16.49). Contudo, muito antes de Ezequiel, o "sodomita" era colocado ao lado da prostituta na lei de Moisés: o rendimento de ambos, fruto de sua imoralidade sexual, não deveria ser recebido como oferta a Deus, conforme Deuteronômio 23.18. Além do mais, quando lemos a declaração do profeta em contexto, percebemos que a soberba e a falta de caridade era apenas um entre os muitos pecados dos sodomitas. Ezequiel menciona as "abominações" dos sodomitas, as quais foram a causa final da sua destruição: "Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado. Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali" (Ez 16.49-50). Da mesma forma, Pedro, em sua segunda epístolas, refere-se às práticas pecaminosas dos moradores de Sodoma e Gomorra tratando-as como "procedimento libertino".
Um quinto argumento é que haveria alguns casos de amor homossexual na Bíblia, a começar pelo rei Davi, para quem o amor de seu amigo Jônatas era excepcional, "ultrapassando o das mulheres" (II Samuel 1.26). Contudo, qualquer leitor da Bíblia sabe que o maior problema pessoal de Davi era a falta de domínio próprio quanto à sua atração por mulheres. Foi isso que o levou a casar com várias delas e, finalmente, a adulterar com Bate-Seba, a mulher de Urias. Seu amor por Jônatas era aquela amizade intensa que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo e sem qualquer conotação erótica. Alguns defensores da "teologia inclusiva" chegam a categorizar o relacionamento entre Jesus e João como homoafetivo, pois este, sendo o discípulo amado do Filho de Deus, numa ocasião reclinou a sua cabeça no peito do Mestre (João 13.25). Acontece que tal atitude, na cultura oriental, era uma demonstração de amizade varonil – contudo, acaba sendo interpretada como suposta evidência de um relacionamento homoafetivo. Quem pensa assim não consegue enxergar amizade pura e simples entre pessoas do mesmo sexo sem lhe atribuir uma conotação sexual.
"TORPEZA"
Há uma sexta tentativa de reinterpretar passagens bíblicas com objetivo de legitimar a homossexualidade. Os propagadores da "teologia gay" dizem que, no texto de Romanos 1.24-27, o apóstolo Paulo estaria apenas repetindo a proibição de Levítico à prática homossexual na forma da prostituição cultual, tanto de homens como de mulheres – proibição esta que não se aplicaria fora do contexto do culto idolátrico e pagão. Todavia, basta que se leia a passagem para ficar claro o que Paulo estava condenando. O apóstolo quis dizer exatamente o que o texto diz: que homens e mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza, e que se inflamaram mutuamente em sua sensualidade – homens com homens e mulheres com mulheres –, "cometendo torpeza" e "recebendo a merecida punição por seus erros". E ao se referir ao lesbianismo como pecado, Paulo deixa claro que não está tratando apenas da pederastia, como alguns alegam, visto que a mesma só pode acontecer entre homens, mas a todas as relações homossexuais, quer entre homens ou mulheres.
É alegado também que, em I Coríntios 6.9, os citados efeminados e sodomitas não seriam homossexuais, mas pessoas de caráter moral fraco (malakoi, pessoa "macia" ou "suave") e que praticam a imoralidade em geral (arsenokoites, palavra que teria sido inventada por Paulo). Todavia, se este é o sentido, o que significa as referências a impuros e adúlteros, que aparecem na mesma lista? Por que o apóstolo repetiria estes conceitos? Na verdade, efeminado se refere ao que toma a posição passiva no ato homossexual – este é o sentido que a palavra tem na literatura grega da época, em autores como Homero, Filo e Josefo – e sodomita é a referência ao homem que deseja ter coito com outro homem.
Há ainda uma sétima justificativa apresentada por aqueles que acham que a homossexualidade é compatível com a fé cristã. Segundo eles, muitas igrejas cristãs históricas, hoje, já aceitam a prática homossexual como normal – tanto que homossexuais praticantes, homens e mulheres, têm sido aceitos não somente como membros mas também como pastores e pastoras. Essas igrejas, igualmente, defendem e aceitam a união civil e o casamento entre pessoa do mesmo sexo. É o caso, por exemplo, da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos – que nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil –, da Igreja Episcopal no Canadá e de igrejas em nações européias como Suécia, Noruega e Dinamarca, entre outras confissões. Na maioria dos casos, a aceitação da homossexualidade provocou divisões nestas igrejas, e é preciso observar, também, que só aconteceu depois de um longo processo de rejeição da inspiração, infalibilidade e autoridade da Bíblia. Via de regra, essas denominações adotaram o método histórico-crítico – que, por definição, admite que as Sagradas Escrituras são condicionadas culturalmente e que reflete os erros e os preconceitos da época de seus autores. Desta feita, a aceitação da prática homossexual foi apenas um passo lógico. Outros ainda virão. Todavia, cristãos que recebem a Bíblia como a infalível e inerrante Palavra de Deus não podem aceitar a prática homossexual, a não ser como uma daquelas relações sexuais consideradas como pecaminosas pelo Senhor, como o adultério, a prostituição e a fornicação.
Contudo, é um erro pensar que a Bíblia encara a prática homossexual como sendo o pecado mais grave de todos. Na verdade, existe um pecado para o qual não há perdão, mas com certeza não se trata da prática homossexual: é a blasfêmia contra o Espírito Santo, que consiste em atribuir a Satanás o poder pelo qual Jesus Cristo realizou os seus milagres e prodígios aqui neste mundo, mencionado em Marcos 3.22-30. Consequentemente, não está correto usar a Bíblia como base para tratar homossexuais como sendo os piores pecadores dentre todos, que estariam além da possibilidade de salvação e que, portanto, seriam merecedores de ódio e desprezo. É lamentável e triste que isso tenha acontecido no passado e esteja se repetindo no presente. A mensagem da Bíblia é esta: "Todos pecaram e carecem da glória de Deus", conforme Romanos 3.23. Todos nós precisamos nos arrepender de nossos pecados e nos submetermos a Jesus Cristo, o Salvador, pela fé, para recebermos o perdão e a vida eterna.
Lembremos ainda que os autores bíblicos sempre tratam da prática homossexual juntamente com outros pecados. O 20º capítulo de Levítico proíbe não somente as relações entre pessoas do mesmo sexo, como também o adultério, o incesto e a bestialidade. Os sodomitas e efeminados aparecem ao lado dos adúlteros, impuros, ladrões, avarentos e maldizentes, quando o apóstolo Paulo lista aqueles que não herdarão o Reino de Deus (I Coríntios 6.9-10). Porém, da mesma forma que havia nas igrejas cristãos adúlteros e prostitutas que haviam se arrependido e mudado de vida, mediante a fé em Jesus Cristo, havia também efeminados e sodomitas na lista daqueles que foram perdoados e transformados.
COMPAIXÃO
É fundamental, aqui, fazer uma importante distinção. O que a Bíblia condena é a prática homossexual, e não a tentação a esta prática. Não é pecado ser tentado ao homossexualismo, da mesma forma que não é pecado ser tentado ao adultério ou ao roubo, desde que se resista. As pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo devem lembrar que tal desejo é resultado da desordem moral que entrou na humanidade com a queda de Adão e que, em Cristo Jesus, o segundo Adão, podem receber graça e poder para resistir e vencer, sendo justificados diante de Deus.
Existem várias causas identificadas comumente para a atração por pessoas do mesmo sexo, como o abuso sexual sofrido na infância. Muitos gays provêm de famílias disfuncionais ou tiveram experiências negativas com pessoas do sexo oposto. Há aqueles, também, que agem deliberadamente por promiscuidade e têm desejo de chocar os outros. Um outro fator a se levar em conta são as tendências genéticas à homossexualidade, cuja existência não está comprovada até agora e tem sido objeto de intensa polêmica. Todavia, do ponto de vista bíblico, o homossexualismo é o resultado do abandono da glória de Deus, da idolatria e da incredulidade por parte da raça humana, conforme Romanos 1.18-32. Portanto, não é possível para quem crê na Bíblia justificar as práticas homossexuais sob a alegação de compulsão incontrolável e inevitável, muito embora os que sofrem com esse tipo de impulso devam ser objeto de compaixão e ajuda da Igreja cristã.
É preciso também repudiar toda manifestação de ódio contra homossexuais, da mesma forma com que o fazemos em relação a qualquer pessoa. Isso jamais nos deveria impedir, todavia, de declarar com sinceridade e respeito nossa convicção bíblica de que a prática homossexual é pecaminosa e que não podemos concordar com ela, nem com leis que a legitimam. Diante da existência de dispositivos legais que permitem que uma pessoa deixe ou transfira seus bens a quem ele queira, ainda em vida, não há necessidade de leis legitimando a união civil de pessoas de mesmo sexo – basta a simples manifestação de vontade, registrada em cartório civil, na forma de testamento ou acordo entre as partes envolvidas. O reconhecimento dos direitos da união homoafetiva valida a prática homossexual e abre a porta para o reconhecimento de um novo conceito de família. No Brasil, o reconhecimento da união civil de pessoas do mesmo sexo para fins de herança e outros benefícios aconteceu ao arrepio do que diz a Constituição: "Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento" (Art. 226, § 3º).
Cristãos que recebem a Bíblia como a palavra de Deus não podem ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que seria a validação daquilo que as Escrituras, claramente, tratam como pecado. O casamento está no âmbito da autoridade do Estado e os cristãos são orientados pela Palavra de Deus a se submeter às autoridades constituídas; contudo, a mesma Bíblia nos ensina que nossa consciência está submissa, em última instância, à lei de Deus e não às leis humanas – "Importa antes obedecer a Deus que os homens" (Atos 5.29). Se o Estado legitimar aquilo que Deus considera ilegítimo, e vier a obrigar os cristãos a irem contra a sua consciência, eles devem estar prontos a viver, de maneira respeitosa e pacífica em oposição sincera e honesta, qualquer que seja o preço a ser pago.
Augustus Nicodemus Lopes é pastor presbiteriano, mestre e doutor em interpretação Bíblica pelo Potchefstroom University (Africa do Sul), Westminster Theological Seminary (Estados Unidos) e Theologische Universiteit te Kampen (Holanda)
Fonte: Cristianismo Hoje

"Como crerão?" - Apesar de numerosas iniciativas, participação missionária de Igreja brasileira está muito aquém do potencial.

"Como crerão?"
Na mesma época em que se projetava um desenvolvimento glorioso para a economia nacional – o chamado “milagre econômico” dos anos 1960 e 70 –, outro setor do país, a Igreja Evangélica, também experimentava tempos de intensa euforia. Abarrotadas de jovens atraídos por uma mensagem cristã atenta aos seus anseios, as congregações faziam planos dourados para o futuro. A ideia geral era transformar o país no celeiro da obra missionária global. Difícil era encontrar igreja que não tivesse um departamento de missões e planos de enviar obreiros para ganhar o mundo para Cristo. A mensagem escatológica, então em alta nos púlpitos, era uma só: pregar o Evangelho a toda criatura, a fim de que o Senhor voltasse depressa. Organizações missionárias surgiam a cada dia, atraindo gente que desejava dedicar a vida à boa obra.
No entanto, neste início da segunda década do século 21, o que se nota é que, se tudo não passou de mero entusiasmo – e números vigorosos da presença missionária brasileira mostram que não –, a situação atual é bem diversa daquela que a geração anterior projetou. Missão rima com visão e ação, e as duas palavras andam bem distantes da maioria das igrejas evangélicas brasileiras, segundo especialistas em missiologia. Mesmo com o acelerado crescimento numérico dos que professam a fé evangélica no país, que seriam quase 20% dos brasileiros de acordo com projeções baseadas em dados oficiais, o envolvimento dos crentes nacionais com a obra missionária, em todas as suas instâncias – seja social ou evangelística –, segue a passos bem mais lentos que o possível.
O conhecimento das demandas missionárias é exposto em cada campanha ou congresso. Testemunhos são derramados nos púlpitos, levando a muita comoção e decisões pessoais. Passado algum tempo, contudo, os compromissos assumidos por um maior envolvimento com a obra de evangelização e intervenção social se esfriam e a missão de alcançar o mundo com o amor de Cristo fica a cargo dos missionários de carreira – isso quando obreiros enviados não são simplesmente esquecidos no campo. “Infelizmente, o jargão de que cada cristão é um missionário está sendo esquecido. A ênfase em muitas igrejas é pelo crescimento da congregação local”, atesta o professor Diego Almeida, docente do mestrado em missiologia do Seminário de Educação do Recife (PE). “O serviço acaba concentrado nas mãos de profissionais.”
Para o pastor José Crispim Santos, promotor setorial da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (CBB) – uma das maiores organizações missionárias do mundo, com mais de 600 obreiros no campo –, a Igreja brasileira está bem inteirada acerca dos desafios missionários da atualidade, mas as ações ainda não são suficientes para o tamanho deles. “Há muitas agências missionárias divulgando o tempo todo, além da mídia que noticia fatos que demonstram o sofrimento humano, físico e espiritual ao redor do planeta. Nossa avaliação é que, diante deste cenário de grande carência espiritual, a Igreja tem dado sua contribuição – entretanto, isso é insuficiente, quando a missão é, de fato, tornar Cristo conhecido em toda a Terra”. 

DISCURSO E PRÁTICA
O que parece evidente na paradoxal situação da Igreja brasileira, um contingente com enorme potencial humano e financeiro, mas pouco utilizado quando o assunto é o “Ide” de Jesus, é que a miopia missionária passa pela liderança – uma barreira difícil de ser transposta, conforme relatado por gente que trabalha em ministérios e departamentos específicos. Essa tendência à inação, alimentada pela valorização de outras prioridades, acaba contaminando o rebanho. Quando a visão do líder não passa das paredes do templo, dificilmente a igreja desenvolve alguma intervenção importante, até mesmo em sua comunidade. “De fato, quando o dirigente tem visão e é entusiasmado com a obra missionária, a igreja tende a acompanhá-lo. Da mesma forma, o inverso é verdadeiro. Entretanto, há algumas exceções; quando a igreja possui promotores de missões, esses batalhadores realizam verdadeiros milagres”, continua Crispim.
Acontece que a própria estrutura de funcionamento das igrejas, muitas vezes baseado em decisões de poucas pessoas, quando não apenas de um líder centralizador, torna ainda mais difícil o convencimento de que a missão é de toda pessoa que um dia recebeu a Cristo como Salvador. “Dentro do atual quadro religioso brasileiro, creio que o nosso exacerbado clericalismo é um enorme obstáculo para uma compreensão e prática da obra missionária em termos de missão integral”, atesta o professor de teologia e história eclesiástica da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, Paulo Ayres. Mas as barreiras para se desenvolver uma ação missionária mais eficiente, ainda que possam nascer no clero, também são agravadas pelo perfil do crente contemporâneo. “Hoje, grande parte dos membros de nossas congregações é constituída mais por assistentes passivos e clientes em busca de produtos religiosos do que irmãos e irmãs na fé com forte compromisso e prática missionárias, especialmente em suas atividades cotidianas no mundo secular onde vivem e trabalham”, avalia o religioso, que é bispo emérito da Igreja Metodista do Brasil.  
No seu entender, a Igreja tem utilizado estratégias equivocadas (ver abaixo). Por outro lado, Ayres lembra que é muito mais cômodo terceirizar o compromisso missionário do que executá-lo pessoalmente, ainda que a missão específica possa ser realizada no próprio bairro onde se reside. “É mais cômodo contribuir para enviar um missionário ao Cazaquistão ou a Guiné-Bissau do que ir pessoalmente, no poder do Espírito Santo, trabalhar como voluntário no Piauí ou na Cracolândia, em São Paulo, ainda que seja por um curto período de tempo, como evangelista, obreiro com crianças, dentista ou trabalhador social”, comenta. Assim, além da omissão do Corpo de Cristo por falta de conhecimento ou disposição, a Igreja corre riscos de ter seu trabalho missionário hipertrofiado à medida em que se transmite toda a responsabilidade do serviço cristão para as agências especializadas – um problema acentuado principalmente em comunidades de fé ligadas a grandes associações missionárias.

MOBILIZAÇÃO
Do tripé normalmente exposto nos eventos temáticos de missões (“contribuir, orar e ir”), em geral só se desenvolve mais efetivamente o primeiro, e ainda assim em patamares muito abaixo do que as igrejas poderiam fazer. Um levantamento feito Missão Horizontes apontou que o investimento médio per capita do crente brasileiro em missões durante um ano inteiro é menor do que o preço de uma latinha de Coca-Cola – algo em torno de irrisórios R$ 2,50.  Para o missionário e pastor batista Ricardo Magalhães, que atua em Portugal a serviço da Missão Cristã Europeia ao lado da mulher e também obreira Priscila, a escassez de investimento no setor missionário está mais atrelada à falta de visão do que de recursos. “De maneira geral, a Igreja brasileira não tem problemas com finanças, porque ela sabe se mexer para gerar fundos quando quer e para o que quer. E isso, quando se sabe que não há falta de pessoas querendo ir aos campos: inúmeros missionários só aguardam recursos para ir”, completa. Assim, o aspecto da oração, sem a visibilidade e sem o apelo de outros ministérios da igreja, fica naturalmente reduzido a pequenos grupos.
De olho na mobilização da igreja para orar, uma das ações das diversas organizações missionárias é publicar sempre em seus boletins os motivos de intercessão nos campos, pelos missionários e pelos desafios a serem superados. A JMM já utiliza até mesmo mensagens de SMS para pessoas cadastradas, que recebem torpedos com pedidos urgentes de intercessão. Já o terceiro passo, o de ir, é o maior desafio. Seja para pequenas viagens missionárias ou para partir definitivamente rumo ao campo, entre o desejo, o chamado, a preparação e a missão há de fato uma longa trajetória geralmente não concluída. Não são poucos os casos de vocações que se esfriam até mesmo dentro dos seminários, ou de leigos envolvidos com a obra serem sufocados com o ativismo religioso. É gente bem intencionada que acaba direcionando seu tempo, recursos e esforços mais para dentro do que para fora da igreja.  
“As comunidades evangélicas têm caído em um dos dois extremos: ou elas se fecham a um diálogo com a sociedade ou se abrem excessivamente para uma vontade popular, abraçando um discurso econômico de prosperidade”, sustenta o missionário Alesson Góis, da Igreja Congregacional, que coordena o ministério independente Vidas em Restauração (VER). “O mundo não precisa de um cristianismo pregado, mas vivido. Todo cristão que não é um missionário é um impostor, pois é muito egoísta receber toda a graça e amor de Deus e não compartilhá-los com o próximo”. Envolvendo cerca de 60 jovens de diversas denominações, entre batistas, presbiterianos, congregacionais e membros de igrejas diversas como a Assembleia de Deus e a Sara Nossa Terra, o ministério se encontra todos os sábados no Parque Treze de Maio, no centro do Recife. Os jovens se reúnem como uma roda de conversa, mas sem se caracterizar como uma liturgia ou como uma extensão da igreja institucional. “Muita gente se surpreende pelo fato de sermos cristãos e conversarmos com eles sem forçar a barra para que se convertam”, comenta Góis.

PRESENÇA NOTADA
Para o missionário e pastor presbiteriano Ronaldo Lidório, parte da frustração de setores da Igreja vem justamente daquela expectativa superestimada em relação ao seu papel na evangelização do mundo, que acabou não se concretizando: “Pensamos que rapidamente encontraríamos uma veia missionária comparada à da Coreia do Sul, o que ainda não aconteceu”, reconhece. Mesmo assim, ressalva, existe um outro lado. “Creio que corremos perigo ao focarmos somente nas negligências. É certo que a Igreja nacional caminha com bons passos”. Ele cita como exemplo a presença evangélica em povos indígenas, setor no qual seu trabalho é respeitadíssimo. Além de ter vivido por dez anos entre o povo konkomba, de Gana (África), ele agora está envolvido com o Projeto Amanajé, de evangelismo e assistência a indígenas na Amazônia . “A Igreja atua em 182 etnias indígenas e coordena quase 260 programas sociais entre esses povos”, enumera. “Além disso, comunidades ribeirinhas, até pouco tempo esquecidas pelas igrejas, hoje contam com dezenas de programas cristãos, tanto de evangelização como de ação social.”
Lidório destaca ainda o trabalho de organizações regionais, como a Juventude Evangélica da Paraíba (Juvep), que tem plantado igrejas e centros de atendimento popular pelo Nordeste. “O sertão hoje possui menos da metade das áreas não evangelizadas em relação ao quadro de 15 anos atrás, e essa mobilização se deu a partir de iniciativas como a Juvep e outros programas dedicados aos sertanejos”. Já na área transcultural – a mais conhecida e romantizada do trabalho missionário, que envolve a figura clássica do obreiro que larga sua terra para pregar o Evangelho num canto qualquer do mundo –, Lidório garante que as igrejas e agências brasileiras também marcam presença. “Jamais tivemos tantos missionários no exterior como em nossos dias, e não é incomum encontrarmos hoje brasileiros ocupando posições de liderança em equipes e missões na África e na Ásia”, informa. Pelas estatísticas disponíveis, hoje atuam cerca de 2,3 mil missionários brasileiros no exterior, espalhados por mais de 50 países. “A Igreja brasileira é uma das maiores representações de ações missionárias na atualidade, embora o número de obreiros e de ações missionárias seja realmente bem menor do que poderia e deveria ser”, conclui Ronaldo Lidório.
No entender do especialista em missiologia Diego Almeida, ministérios como o VER têm se tornado cada vez mais comuns, não somente no Brasil, mas em diversos países. “Quando a Igreja não investe nos vocacionados, eles se preparam por conta própria”. Foi justamente o caso da estudante de psicologia e funcionária pública Quésia Cordeiro, de 23 anos. Após decidir dedicar-se às missões após os congressos temáticos de que participou, ela não recebeu nenhum suporte para dar os passos seguintes na preparação. “Não recebi nenhuma capacitação os discipulado. Tive que correr atrás para manter a chama acesa”, conta a jovem. Com conhecimento próprio, ela constata: “O despertamento para a obra missionária não é uma coisa contínua, mas pontual, restrita a conferências e eventos.” Para Almeida, mesmo que as igrejas não mostrem a Palavra de Deus, ela acaba se cumprindo de outras formas – “O triste é ver que a instituição criada para apresentar Jesus ao mundo não faz parte desse processo”, lamenta o professor.

“Nossa missão é implantar o Reino de Deus”
Para o bispo Ayres, entender missões como mero proselitismo é atitude reducionista.
Especialista em missiologia, tendo atuado como evangelista em Portugal e no Nordeste brasileiro, Paulo Ayres é hoje bispo emérito de sua denominação, a Igreja Metodista, e professor de teologia e história eclesiástica. Ele falou com CRISTIANISMO HOJE sobre o panorama evangélico brasileiro em relação à missão integral da Igreja.
CRISTIANISMO HOJE – Ao mesmo tempo em que a Igreja brasileira cresce numericamente, o conhecimento e envolvimento com missões parece decrescer a cada geração. Por quê?
PAULO AYRES – O crescimento numérico do povo evangélico brasileiro, em minha opinião, não tem sido acompanhado de um maior compromisso missionário em todos os campos da vida brasileira que reclamam um eficaz testemunho evangélico. As igrejas evangélicas brasileiras, em sua maioria, têm uma visão reducionista sobre o que é missão, entendendo-a mais em termos de evangelismo visando à conversão individual. Outras dimensões missionárias, como o serviço cristão aos necessitados, o ensino na doutrina dos apóstolos, o testemunho público do Evangelho, a ética e a moral cristãs (a práxis do Evangelho), ou até mesmo o culto, ainda que consideradas como importantes por algumas igrejas, acabam, na prática missionária, sendo somente – quando muito – andaimes secundários para a conversão individual.
Qual o resultado prático desse panorama?
Essa visão reducionista faz com que missão seja entendida e praticada mais como estratégias para conquistar almas para Cristo do que realmente levar à frente o objetivo de sinalizar a presença do Reino de Deus no mundo. Daí a obsessão pelo crescimento numérico das igrejas – melhor dizendo, das denominações – a qualquer custo, mesmo em detrimento dos valores maiores do Evangelho. É por isso que o crescimento numérico dos evangélicos brasileiros, apesar da extraordinária transformação na vida pessoal de milhões de pessoas, não tem causado maior impacto transformador em nossa sociedade.
O que fazer para mudar esse quadro de crescimento sem transformação social?
Creio que precisamos, com urgência, de uma nova reforma no evangelismo brasileiro, que deverá ter como seu centro a compreensão e a prática da missão como obra de Deus na implantação do seu Reino entre nós. Se deixarmos de lado a obra humana forjada nas regras do mercado e da exacerbada competição institucional entre as igrejas, contribuiremos para a construção de uma sociedade com alto padrão espiritual e ético, segundo a maneira de ser exposta por Jesus no Sermão do Monte.

Presença missionária brasileira
2.300 é o número aproximado de missionários brasileiros no exterior
50 são os países onde eles atuam
600 deles são ligados à Junta de Missões Mundiais da CBB
Fonte: Cristianismo Hoje

Faça uma escolha por Deus - Por Barry Cooper


A ilusão das múltiplas opções sem compromisso está escravizando o homem moderno.
Uma das grandes dificuldades do mundo moderno são os tais centros de atendimento automatizado. Você liga para resolver um problema ou solicitar determinado serviço e é atendido por uma voz metálica, artificial, que lhe oferece uma série de opções sem dar oportunidade para qualquer interrupção ou esclarecimento de dúvida. Parece que os seres humanos estão perdendo espaço em todos os lugares, inclusive nos call centers. Você não é atendido por um ser humano, seu semelhante; quem o atende é um robô falante, programado para reconhecer o que você está dizendo.
Toda vez que ligo para um desses serviços, acabo tendo de conduzir a "conversa" inteira, oferecendo repostas rápidas e claras aos questionamentos da máquina. Caso gagueje numa resposta ou não use a inflexão adequada, o atendente eletrônico logo retruca: "Não entendi; repita". O robô falante, que felizmente não ri de nós, fica pedindo para repetirmos quase tudo que falamos. É uma angústia tremenda! E o pior é que temos de fazer as escolhas certas a cada pergunta da máquina, rapidamente, sem titubear, sob pena de ter de, novamente, repetir tudo desde o início.
Felizmente, para outras escolhas da vida, temos mais tempo para pensar. Mesmo assim, fazer escolhas e seguir com nossas vidas parece cada vez mais difícil. Estamos como que paralisados: temos sido incapazes de fazer escolhas sobre relacionamentos, casamento, dinheiro, família e carreira. Acredito que não nos sentimos dessa forma porque não sabemos exatamente o que dizer, como quando estamos com um atendente virtual do outro lado da linha. O real motivo pode ser o fato de estarmos adorando a um deus falso.
O texto de I Reis 18.21 descreve um momento crucial de decisão. É o confronto final entre o Deus de Israel e uma falsa divindade chamada Baal. O profeta Elias, então, chama o povo de Deus para escolher de uma vez por todas entre o Deus vivo que os libertou e aquele falso deus que os havia conquistado: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu". Eles pareciam perdidos, incapazes de fazer uma escolha. Queriam cobrir suas apostas, sentar em cima do muro e manter suas opções em aberto. Será que nós, cristãos do século 21, somos muito diferentes? Você preferiria fazer uma escolha séria, sem volta, ou uma da qual pudesse se retratar e voltar atrás, caso necessário? Você acha que tem medo de se comprometer? Quando convidado para uma festa, costuma responder com um "talvez", ao invés de simplesmente dizer "sim" ou "não"? Você deixa seu celular ligado o tempo todo, mesmo quando está em uma reunião, só para que não esteja totalmente presente na atividade em que está envolvido? Concentra-se na pessoa com quem está falando depois do culto ou fica olhando para os lados, sempre à procura de alguém mais interessante para conversar?
Se sua resposta a semelhantes perguntas for sim, então você está adorando ao deus das opções em aberto. As pessoas esperam anos para validar um diploma universitário, só compram em lojas com políticas de troca garantida, e não é incomum que namorem outra pessoa durante anos antes de casar – quando se casam. Reservamo-nos o direito de manter nossas opções em aberto em todas as áreas de nossas vidas, do sexo à espiritualidade. Em seu livroThe paradox of choice ("O paradoxo da escolha"), Barry Schwartz explica porque temos dificuldade para nos comprometer e o motivo pelo qual adoramos deixar nossas opções em aberto. Ele afirma que, culturalmente, exigimos escolhas, opções. Acreditamos que mais opção significa mais liberdade; e a maioria das pessoas considera a liberdade ilimitada como a melhor alternativa. A ironia, diz Schwartz, é que essa escolha aparentemente ilimitada não nos faz felizes de fato. Como o número de opções disponíveis para nós é tão exagerado, fica difícil que tenhamos a alegria de verdadeiramente nos comprometermos a qualquer coisa ou qualquer pessoa. Mesmo quando nos comprometemos, nossa cultura faz com que nos sintamos insatisfeitos com a escolha que fizemos.
MEDO DA ESCOLHA
Há pouco tempo, em uma lanchonete, eu estava atrás de um cliente que pediu café com leite grande, descafeinado, de baunilha, sem açúcar e com espuma extra. Ainda pediu que o leite fosse esquentado a uma temperatura de 60 graus. Eu ali, parado na fila, depois de ouvir isso, comecei a pensar: "Talvez eu queira meu café esquentado a 60 graus também. Quem sabe se, durante toda minha vida, eu tenha tomado meu leite na temperatura errada?" De repente, o pedido daquele desconhecido fez com que eu me sentisse infeliz com minha própria escolha. Comecei a cobiçar o café do outro. Não tinha mais certeza do que queria! Fiquei ansioso e indeciso, não sabia se estava pronto para me comprometer – com o meu café ou com o dele. Seria isso liberdade de escolha ou escravidão a ela?
Pois e se pegarmos essa multiplicidade de opções triviais que encontramos no dia a dia – a temperatura do café, a posição do carro na garagem, o modelo do celular que usamos – e as projetarmos a questões maiores, como qual a profissão a seguir, o local onde fixar residência, a pessoa com quem nos casaremos ou a quem devemos adorar? Parece que, quanto mais opções temos, mais medo sentimos de fazer uma escolha. Tornamos-nos, assim, escravos da falta de compromisso; temos pavor de cometer erros e evitamos, a todo custo, ter as opções reduzidas. Na verdade, às vezes sentimos tanto medo de fazer uma escolha que, simplesmente, nos recusamos a fazê-la. Ao fazermos isso, estamos adorando a um ídolo. Um deus falso. Um dos "baals" de nossa cultura, na verdade. Seu nome é "opções em aberto".
Ao longo dos anos, os israelitas haviam sido libertos da escravidão e da destruição pelo Deus vivo. Foram resgatados do Egito, sustentados no deserto, salvos da mão de povos inimigos e mais poderosos – repetidamente, espetacularmente e milagrosamente. Os deuses egípcios eram impotentes contra o Senhor, assim como as divindades veneradas por cananeus, heteus, amorreus, perizeus, heveus e jebuseus. Contudo, aqui estão eles, em I Reis 18, lambendo o pó diante de Baal, adorando a outro deus que logo seria derrotado. Isso deveria nos enojar. Mas nós, o povo de Deus hoje, somos diferentes deles? Fomos libertos da escravidão do pecado pela morte e ressurreição de Cristo, de maneira espetacular e milagrosa. No entanto, aqui estamos, muitos de nós adorando aos próprios deuses que Cristo venceu, quando sabemos que são divindades derrotadas, que só irão nos arrastar para a morte se nos apegarmos a eles.
Nós adoramos ao deus das opções em aberto. E ele está nos matando. Ele mata nossos relacionamentos, quando nos diz que é melhor não nos envolvermos demais. Ele mata nosso serviço aos outros porque nos faz acreditar que é melhor guardar nossos fins de semana para nós mesmos. Mata nossas ofertas, dizendo-nos que existem momentos de insegurança financeira e que não sabemos quando podemos precisar daquele dinheiro que usaríamos para concretizar um sonho, por menor que seja. E ele mata nossa alegria em Cristo, nos convencendo de que é melhor não passarmos aos outros a impressão de que somos espirituais demais.
O mais assustador a respeito desse deus é que podemos nunca perceber que o estamos adorando. E isso porque ele finge que não é um deus. Na verdade, ele nos promete liberdade de todos os deuses, de todas as responsabilidades. "Mantenha suas opções em aberto", ele diz. "Adore a mim, e você não terá que servir a nada nem a ninguém. Nenhum compromisso é necessário. Liberdade total". De forma parecida, os israelitas pensaram a mesma coisa ao não responderem a Elias. Eles não acreditavam que estavam cometendo idolatria (I Rs 18.21). Mas, quando escolheram não se decidir, fizeram uma escolha. Ao recusarem-se a agir, estavam, na verdade, se afastando do Deus vivo que os havia resgatado, e cometendo um obsceno ato de adultério espiritual ao adorarem ao deus das opções em aberto. Algumas traduções modernas descrevem o povo de Deus como oscilante entre duas opiniões diferentes. A indecisão deles os deixou impotentes.
COMPROMETA-SE!
Acontece que o Deus vivo, amoroso e trino, não nos criou para mantermos nossas opções em aberto. Ele não nos criou para vivermos com medo de fazer escolhas, e tampouco nos fez para sermos como o personagem de Al Pacino no filme Fogo contra fogo, de 1995 – um homem que jura nunca se envolver em um relacionamento do qual não pudesse sair em 30 segundos. Deus nos criou para nos comprometermos, a ele e uns aos outros. Sim, ele nos criou para fazermos escolhas. É correto que sejamos cuidadosos na hora de tomar decisões, que oremos e busquemos conselho nas Escrituras e com cristãos sábios. Quanto maior a decisão, mais cuidadosos devemos ser. Chega um momento, porém, em que a pausa se torna procrastinação e quando a espera não é a opção mais sábia. Chega um momento em que a decisão por não fazer uma escolha se torna idolatria: transforma-se em uma falta de confiança no Deus que ordena as decisões que tomaremos, ajunta os destroços e faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem e para a sua glória.
Seja sábio, mas então descanse na soberania e na bondade de Deus e faça uma escolha. Comprometa-se! Tome uma decisão! Seja sincero e obstinado. O texto de Tiago 1.6-8 coloca a questão da seguinte maneira: "Peça, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento (...) O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos."
Confie que Deus é bom e soberano, e redime cada escolha que fazemos. Se até mesmo as escolhas daqueles que mataram seu próprio Filho foram ordenadas para nosso próprio bem – conforme Atos 4.27-28 –, então como podemos duvidar de que ele tem boas intenções para conosco e nossas escolhas, mesmo que elas sejam imprudentes Outra razão para que rejeitemos o deus das opções em aberto é porque o próprio Deus vivo é um Deus de escolha. E ele nos fez à sua imagem. Efésios 1.4 diz: "Elegeu-nos nele antes da fundação do mundo". Já I Coríntios 1.27 diz: "Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias". E a segunda Epístola aos Tessalonicenses 2.13 afirma: "Deus os escolheu para a salvação, em santificação do Espírito". Se Deus gostasse de manter suas opções em aberto como nós, não teríamos nada que esperar de nosso futuro, além da tormenta eterna.
Em que áreas de sua vida você ainda está flertando com o deus das opções em aberto? Onde está se recusando a escolher? Talvez, você esteja se recusando a se comprometer em um relacionamento específico – quem sabe, até mesmo ao casamento? Ou, quem sabe, você não esteja verdadeiramente comprometido com seu trabalho, mas deixando a rede social aberta o tempo todo e torcendo para ser interrompido. Talvez, seus olhos inquietos estejam sempre em constante alerta à procura de algo ou alguém que considera melhor do que aquilo que tem hoje. Talvez você esteja mantendo suas opções em aberto com o próprio Deus, não se permitindo comprometer demais com ele e seu Reino. Pois saiba que Elias está falando com você em I Reis, e ele está dizendo: "Faça uma escolha". Você já tem toda a informação de que precisa a respeito de Deus. Chega, portanto, dessa aversão a correr riscos, dessa fraca força de vontade, dessa imaturidade. Ou, como provavelmente diria uma tradução moderna: Cresça!
Ao recordar dos últimos 20 anos de minha vida cristã, percebo que adorei e servi repetidamente ao deus das opções em aberto, e vi muitos irmãos na fé fazerem o mesmo. Quantos, por exemplo, tiveram medo de se comprometer através do casamento porque esse falso deus odeia tal compromisso? Ele sabe que, ao longo de um matrimônio, precisamos "esquecer os outros", e isso significa deixar de lado todas as outras opções. O deus das opções em aberto é cruel e vingativo. Ele partirá seu coração; não permitirá que ninguém se aproxime demais. Mas, ao mesmo tempo, como ele é tão maldoso, não permitirá que ninguém se afaste demais também, porque isso significaria que essa pessoa não é mais uma opção. Então, essa situação confusa e exaustiva vai se prolongando, sem fim, ora aproximando, ora afastando, como as marés, sem permitir decisões por isso ou aquilo. Agimos como um homem faminto diante de um banquete, que morre simplesmente porque não consegue escolher entre o frango e o camarão.
O deus das opções em aberto também é mentiroso. Ele nos promete que. se deixarmos nossas opções em aberto, poderemos ter tudo e todos. Mas, no final, acabamos mesmo com nada e ninguém. Jesus disse: "Vocês não podem servir a dois mestres". Em algum momento, precisaremos escolher a quem seguiremos. Se escolhermos o falso deus, não poderemos ter ao mesmo tempo o Deus trino, aquele que deliberadamente negou todas as outras opções para nos salvar. Nada restringe mais as opções de alguém do que permitir que suas mãos e seus pés sejam pregados a uma cruz.
Deuteronômio 30.19-20 diz: "Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida". Escolha o Deus das possibilidades infinitas, aquele que escolheu se limitar a um tempo específico, a um lugar específico e a um povo específico. Escolha o Deus que recusou todas as outras alternativas para que pudesse buscar para ele um noiva. Escolha o Deus que escolheu não descer da cruz até que ela fosse vencida. Escolha o caminho estreito. E pare de adorar ao deus das opções em aberto.
Fonte: Cristianismo Hoje

O campus é a seara


O campus é a seara



O campus é a seara
Portas inusitadas para o Evangelho estão se abrindo em duas das nações que mais impõem restrições á fé cristã. Na China, celebrada por seu espetacular crescimento econômico, embora permaneça avessa à liberdade religiosa, e na ultrafechada Coreia do Norte – um dos últimos refúgios mundiais do comunismo ateísta –, é através do ensino superior que a Palavra de Deus ganha espaço. Universidades licenciadas pelo Estado, cuja administração e corpo docente são formados predominantemente por cristãos, estão colaborando para mudanças ainda pequenas, mas significativas. Através delas, por exemplo, cidadãos ocidentais podem entrar e sair livremente por fronteiras antes praticamente intransponíveis, levando consigo a Palavra de Deus. E tudo tem acontecido graças à iniciativa de empresários e intelectuais com forte senso de missão – tanto a educacional quanto a espiritual.
A poucos quilômetros da fronteira entre os dois países, no lado chinês, funciona, há 20 anos, a Universidade Yanbian de Ciência e Tecnologia (Yust, na sigla em inglês). Ela está localizada em Yanji, região com grande concentração de coreanos. Fundada pelo empresário James Kim, que tem cidadania americana e coreana, a instituição tem visto o número de estudantes crescer bastante nos últimos anos. Acusado, em 1998, de ser espião a serviço dos Estados Unidos, Kim escapou das ameaças de morte e hoje goza de respeito por parte das autoridades norte-coreanas. Seu maior desejo era o de fundar uma filial da universidade do lado de lá da fronteira. Há três anos, esse desejo tornou-se realidade, quando Kim, juntamente com administradores e conselheiros internacionais, fundou a Universidade Pyongyang de Ciência e Tecnologia (Pust), na capital do país.
A abertura de uma universidade privada no país mais refratário ao livre mercado é algo inédito, e pode ser considerado um milagre. A Pust cresce em ritmo acelerado, e à semelhança de sua congênere chinesa, tem corpo docente e funcionários majoritariamente cristãos. Em 2010, a universidade tinha 160 alunos. Desde então, o número de matriculados quase duplicou, tanto nos cursos de graduação como nos de pós. Além de engenharia elétrica e de informática, gestão internacional, agricultura e ciências humanas, a instituição planeja abrir cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de saúde pública, direito e engenharia mecânica. Kim montou uma sólida rede de colaboradores, quase todos cristãos, como o lorde britânico David Alton; Malcolm Gillis, ex-presidente da Universidade Rice e atual co-presidente do conselho de Pust; e Peter Agre, vencedor do Prêmio Nobel de Química e diretor do Instituto de Pesquisa de Malária Johns Hopkins. O reitor de Yanbian, Chan-Mo Park, já presidiu Universidade Pohang de Ciência e Tecnologia, prestigiada instituição norte-coreana.
Essas duas universidades irmãs estão se aproveitando de uma tendência crescente da educação superior global – a grande demanda por professores universitários falantes da língua inglesa. Daryl McCarthy, presidente do Instituto Internacional de Estudos Cristãos (IICS), diz que há, hoje, muitas oportunidades para que acadêmicos cristãos deem aulas no exterior: "Estive reunido com dezenas de autoridades de universidades públicas ao redor do mundo que, muitas vezes, imploraram para que professores viessem ensinar em suas instituições". A organização que ele dirige empregou docentes em universidades públicas de 23 países.
AMIZADE E EVANGELISMO
Há muitos anos, Ray Lewis, um professor de biologia da Universidade Wheaton (EUA), conheceu Joshua Song, que trabalhava, na época, como professor auxiliar de física. Song, que também era professor da Yust, apresentou Lewis a vários estudantes daquela faculdade, inclusive a um aluno de graduação que havia se convertido ao cristianismo quando frequentava as aulas na Yanbian. As histórias que Song compartilhou com esses alunos chamaram a atenção de Lewis. Em 2011, o professor de biologia decidiu passar um período sabático na Yust junto com sua mulher, embora nenhum dos dois falasse coreano ou mandarim. Encontrou uma realidade totalmente nova e desafiadora. Vindo de um campus onde era normal iniciar as aulas com devocionais e reflexões bíblicas, ele agora se encontrava em um ambiente onde era obrigado a assinar um contrato pelo qual se comprometia a não evangelizar os alunos. Em Yanji, na China, a única opção que tinha para frequentar cultos era um serviço realizado em um crematório reformado.
Durante o dia, Lewis dava suas aulas de genética numa turma de uns 30 alunos, inclusive chineses e coreanos que apresentavam níveis variáveis de proficiência na língua inglesa. "Alguns deles nem deveriam estar ali, já que as aulas eram dadas em inglês", lembra. Teve, então, uma ideia. Resolveu convidar os estudantes para irem até sua casa jantar e desenvolver conversações em inglês. O interesse foi grande, e nessas ocasiões, o professor e sua mulher faziam pequenas reflexões bíblicas, tanto na língua inglesa quanto em coreano. Apesar das restrições existentes para testemunhar sua fé, Lewis e outros professores crentes da Yust conseguiam muitas vezes desenvolver relações de amizade com os alunos, o que acabava trazendo oportunidades para eles falarem de Cristo. O estudo bíblico doméstico incluía dois alunos coreanos, dois chineses e um outro professor.
Uma vez que se tornaram ainda mais próximos, essas aulas de idiomas se transformaram em verdadeiros estudos da Palavra de Deus. "Nós líamos as passagens bíblicas em voz alta. Eu explicava um pouco em inglês e o professor explicava depois em coreano". Devido à profundidade de seu relacionamento com os estudantes, Lewis era capaz de adequar o tema das aulas às suas vidas pessoais. "Além da tradução das palavras, nós tentávamos transmitir o significado das passagens que líamos, fazendo com que eles entendessem quem é Jesus Cristo e o que significa segui-lo.", explica Lewis. As reuniões terminavam com orações. Naturalmente reservados, os alunos orientais raramente perguntavam alguma coisa, mas estavam sempre dispostos a ouvir e aprender mais.
Com o tempo, outros professores crentes da faculdade também recebiam os estudantes em suas casas. Ficou logo evidente que, desde que fossem cuidadosos e não organizassem cultos mais explícitos, não seriam incomodados. "Se não realizarem batismos na banheira dos dormitórios e evitarem reuniões abertas, algo que as autoridades não poderiam ignorar, eles provavelmente não terão problemas", afirma o professor Daniel Bays, especialista em estudos asiáticos.
Não por acaso, a Coreia do Norte tem sido um grande foco dos cristãos no mundo inteiro há muitas gerações. Dominado pela ditadura hereditária implantada por Kim Il-Sung desde a fundação do país, em 1948 – quem está no poder agora é seu neto, Kim Jong-um –, a Coreia do Norte já nasceu comunista, com resultado da partilha do poder mundial entre as potências ganhadoras da II Guerra Mundial. Após um conflito que, oficialmente, ainda não terminou com a vizinha do sul, o país mergulhou num período de terror e miséria como vassalo da extinta União Soviética. Um número indefinido de cristãos foram mortos por causa de sua fé e pelo menos 3 milhões de pessoas sucumbiram à fome decorrente da pobreza e do isolamento mundial imposto pelo regime, que impede até a chegada de ajuda humanitária. O evangelismo tradicional é praticamente impossível e a missão Portas Abertas, dedicada à defesa da liberdade religiosa, classifica a Coreia do Norte como o país que mais persegue cristãos hoje.
"OUVIDOS NA PORTA"
Em um contexto como esse, os professores da Universidade Pyongyang de Ciência e Tecnologia lecionam dentro de um ambiente altamente estruturado e têm pouco contato com seus alunos fora da sala de aula. Segundo Bays, na China, um professor visitante que passasse dos limites seria deportado e os alunos envolvidos, chamados para uma conversa nos departamentos estatais de controle. Na Coreia do Norte, no entanto, a penalidade pode ser muito mais severa, incluindo a prisão do estrangeiro por praticar o cristianismo. "Pelo que já li a respeito, se você for pego em um pequeno grupo participando de um culto de adoração cristã, pode ser mandado para campos de prisão por vários anos", diz ele. É difícil levar informações para fora do país, uma vez que o governo central limita fortemente a comunicação com o mundo exterior, inclusive através de censura na internet. Há pouca consciência a respeito do sistema de ensino superior da Coreia do Norte. "Francamente, ninguém nos EUA tem uma sólida compreensão acadêmica sobre o que está acontecendo naquele país.", disse Bays.
Recentemente, as missões cristãs voltaram a focar nos norte-coreanos que vivem fora do país, principalmente naqueles que estão na China. A Yust acolhe a um pequeno contingente deles. "Eu sabia que havia alguns estudantes da Coreia do Norte", destaca Lewis. "Nunca tive a oportunidade de falar com eles, pois são muito fechados". Para piorar as coisas, a embaixada norte-coreana de Pequim se mantém atenta a seus cidadãos que vivem no exterior para se certificar de que não haja problemas. Contudo, o modelo de educação que James King implementou nas duas nações asiáticas mostra uma promessa para o futuro do evangelismo em países fechados para missões tradicionais. Apesar de esses governos serem avessos à religião, eles estão desesperados por ajuda, principalmente na área da educação superior. Um número cada vez maior de professores americanos está dando aulas no exterior. Mas não há uma quantidade suficiente de docentes qualificados, falantes do inglês, para suprir a demanda. "Há, portanto, uma grande oportunidade para professores, cristãos ou não, de lecionarem fora dos Estados Unidos", afirma Daryl McCarthy, do IICS. "Na Ásia e no Oriente Médio, esse desejo de falar inglês está impulsionando uma maciça explosão na educação. As principais publicações são em inglês, portanto essas pessoas precisam aprender a língua". As duas regiões ocupam grande parte da chamada Janela 10-40, imensa região imaginária do globo que abriga a maior parte da humanidade que não conhece a Cristo.
Apesar disso, e das iniciativas pioneiras das universidades fundadas na Coreia do Norte e na China, McCarthy acha que o imenso campo missionário, formado pelos mais de 100 milhões de estudantes universitários de fora dos EUA – que considera um grupo ainda não alcançado –, está sendo negligenciado. "Estamos percebendo que muitos acadêmicos cristãos preferem a segurança de lecionar em uma instituição cristã, ou até mesmo em uma secular dentro dos Estados Unidos. Eu até conheci gente que prefere trabalhar em lanchonetes a dar aulas no exterior. Muitos universitários são relutantes a mudar suas vidas e abandonar suas paixões acadêmicas para se dedicarem ao evangelismo em uma nação estrangeira". No entanto, ele acredita que sua missão seja educar as pessoas por inteiro, e não apenas a esfera espiritual. "Salvar as almas sem salvar as mentes não trará frutos em longo prazo", ele diz. "Somos, antes de tudo, universitários. Para nós, nosso ministério é ensinar, e fazemos isso porque esse é o nosso chamado. É isso que faz de nós um grupo de acadêmicos que pensam e vivem de maneira diferente".
Lewis vai na mesma direção e afirma que, para ele, o chamado é integrar a fé e o aprendizado, principalmente na Yust. "A missão é a educação", enfatiza. "O departamento onde trabalhei era todo formado por cientistas com Ph.D. Era, no entanto, totalmente conectado com os programas de evangelismo". Ele, agora, está buscando maneiras de estabelecer vínculos entre a Universidade Yanbian e a da Wheaton que também inclua os estudantes, e não apenas alunos. A Fundação Yust-Pust já funciona em Chicago, sob a liderança do professor Song. A ideia é adaptar o modelo até aqui bem sucedido para outras nações fechadas ao Evangelho. Porém, Lewis sabe que, sempre que o anúncio do Evangelho se torna um elemento presente no ambiente acadêmico, há uma série de pressões decorrentes disso – ainda mais em uma realidade de perseguição religiosa de fato. "Trata-se de uma pressão sutil; a pressão constante de saber que se está sob vigilância. Os e-mails e ligações telefônicas são monitorados", explica Daryl McCarthy. "Às vezes, as pessoas colocam seus ouvidos colados, literalmente, à porta para ouvir as conversas. Tem que haver sempre um equilíbrio entre a transparência e a discrição." (Tradução: Julia Ramalho)
Andrew Thompson é formado em comunicação na Wheaton College e foi estagiário na revista
Fonte: Cristianismo Hoje

quarta-feira, 3 de julho de 2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Homem de Deus!!! Apóstolo da fé (1805-1898)




Jorge Müller




"Pela fé, Abel... Pela fé, Noé... Pela fé, Abraão..." As­sim é que o Espírito Santo conta as incríveis proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar unicamente nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista: "Pela fé, Jorge Müller levantou or­fanatos, alimentou milhares de órfãos, pregou a milhões de ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para Cristo".

Jorge Müller nasceu em 1805, de pais que não conhe­ciam a Deus. Com a idade de dez anos, foi enviado a uma universidade, a fim de preparar-se para pregar o Evange­lho, não, porém, com o alvo de servir a Deus, mas para ter uma vida cômoda. Gastou esses primeiros anos de estudo nos mais desenfreados vícios, chegando, certa vez, a ser preso por vinte e quatro dias. Jorge, uma vez solto, esfor­çava-se nos estudos, levantando-se às quatro da manhã e estudando o dia inteiro até as dez da noite. Tudo isso, po­rém, ele fazia para alcançar uma vida descansada de pre­gador.

Aos vinte anos de idade, contudo, houve uma completa transformação na vida desse moço. Assistiu a um culto onde os crentes, de joelhos, pediam que Deus fizesse cair sua bênção sobre a reunião. Nunca se esqueceu desse cul­to, em que viu, pela primeira vez, crentes orando ajoelha­dos; ficou profundamente comovido com o ambiente espi­ritual a ponto de buscar também a presença de Deus, cos­tume esse que não abandonou durante o resto da vida.

Foi nesses dias, depois de sentir-se chamado para ser missionário, que passou dois meses hospedado no famoso orfanato de A. H. Frank. Apesar de esse fervoroso servo de Deus, o senhor Frank, ter morrido quase cem anos antes (em 1727), o seu orfanato continuava a funcionar com as mesmas regras de confiar inteiramente em Deus para todo o sustento. Mais ou menos ao mesmo tempo em que Jorge Müller hospedou-se no orfanato, um certo dentista, o se­nhor Graves, abandonou as Suas atividades que lhe davam um salário de 7.500 dólares por ano, a fim de ser missioná­rio na Pérsia, confiando só nas promessas de Deus para su­prir todo o seu sustento. Foi assim que Jorge Müller, o novo pregador, recebeu nessa visita a inspiração que o le­vou mais tarde a fundar seu orfanato sobre os mesmos princípios.

Logo depois de abandonar sua vida de vícios, para an­dar com Deus, chegou a reconhecer o erro, mais ou menos universal, de ler muito acerca da Bíblia e quase nada da Bíblia. Esse livro tornou-se a fonte de toda a sua inspira­ção e o segredo do seu maravilhoso crescimento espiritual. Ele mesmo escreveu: "O Senhor me ajudou a abandonar os comentários e a usar a simples leitura da Palavra de Deus como meditação. O resultado foi que, quando, a primeira noite, fechei a porta do meu quarto para orar e meditar sobre as Escrituras, aprendi mais em poucas horas do que antes durante alguns meses." E acrescentou: "A maior di­ferença, porém, foi que recebi, assim, força verdadeira para a minha alma". Antes de falecer, disse que lera a Bíblia inteira cerca de duzentas vezes; cem vezes o fez es­tando de joelhos.

Quando estava ainda no seminário, nos cultos domésti­cos de noite com os outros alunos, freqüentemente continuou orando até a meia-noite. De manhã, ao acordar, cha­mava-os de novo para a oração, às seis horas.

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de Jorge Müller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta: "Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!... Milhares de almas têm sido salvas em respostas às minhas orações... Espero encontrar dezenas de milhares delas rio Céu... O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado 52 anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade. Não são ainda converti­dos, porém, espero que o venham a ser. - Como pode ser de outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso".

Não muito antes de seu casamento, não se sentia bem com o costume de salário fixo, preferindo confiar em Deus em vez de confiar nas promessas dos irmãos. Deu sobre isso as três seguintes razões:

1) "Um salário significa uma importância designada, geralmente adquirida do aluguel dos bancos. Mas a vontade de Deus não é alugar bancos (Tiago 2.1-6)".

2) "O preço fixo dum assento na igreja, às vezes, é pesado demais para alguns filhos de Deus e não quero colocar o menor obstáculo no caminho do progresso espiritual da igreja".

3) "Toda a idéia de alugar os assentos e ter salário torna-se tropeço para o pregador, levando-o a trabalhar mais pelo dinheiro do que por razões espiri­tuais".

Jorge Müller achava quase impossível ajuntar e guar­dar dinheiro para qualquer imprevisto, e não ir direto a Deus. Assim o crente confia no dinheiro em caixa, em vez de confiar em Deus.

Um mês depois de seu casamento, colocou uma caixa no salão de cultos e anunciou que podiam deitar lá as ofer­tas para o seu sustento e que, daí em diante, não pediria mais nada, nem a seus amados irmãos; porque, como ele disse, "Sem me aperceber, tenho sido levado a confiar no braço de carne, mas o melhor é ir diretamente ao Senhor"O primeiro ano findou com grande triunfo e Jorge Müller disse aos irmãos que, apesar da pouca fé ao come­çar, o Senhor tinha ricamente suprido todas as suas neces­sidades materiais e, o que foi ainda mais importante, ti­nha-lhe concedido o privilégio de ser um instrumento na sua obra.

O ano seguinte foi, porém, de grande provação, porque muitas vezes não lhe restava nem um xelim. E Jorge Müller acrescenta que no momento próprio a sua fé sem­pre foi recompensada com a chegada de dinheiro ou ali­mentos.

Certo dia, quando só restavam oito xelins, Müller pe­diu ao Senhor que lhe desse dinheiro. Esperou muitas ho­ras sem qualquer resposta. Então chegou uma senhora e perguntou: - "O irmão precisa de dinheiro?" Foi uma grande prova da sua fé, porém, o pastor respondeu: - "Mi­nha irmã, eu disse aos irmãos, quando abandonei meu sa­lário, que só informaria o Senhor a respeito das minhas ne­cessidades". - "Mas", respondeu a senhora, "Ele me disse que eu lhe desse isto", e colocou 42 xelins na mão do prega­dor.

Outra vez passaram-se três dias sem terem dinheiro em casa e foram fortemente assaltados pelo Diabo, a ponto de quase resolverem que tinham errado em aceitar a doutrina de fé nesse sentido. Quando, porém, voltou ao seu quarto achou 40 xelins que uma irmã deixara. E ele acrescentou então: "Assim triunfou o Senhor e nossa fé foi fortalecida".

Antes de findar o ano, acharam-se de novo inteiramen­te sem dinheiro, num dia em que tinham de pagar o alu­guel. Pediram a Deus e o dinheiro foi enviado. Nessa oca­sião, Jorge Müller fez para si a seguinte regra da qual nun­ca mais se desviou: "Não nos endividaremos, porque acha­mos que tal coisa não é bíblica (Romanos 13.8), e assim não teremos contas a pagar. Somente compraremos o que pudermos, tendo o dinheiro em mãos, assim sempre sabe­remos quanto realmente possuímos e quanto temos o direi­to de gastar".

Deus, assim, gradualmente treinava o novo pregador a confiar nas suas promessas. Estava tão certo da fidelidade das promessas da Bíblia, que não se desviou, durante os longos anos da sua obra no orfanato, da resolução de não pedir ao próximo, e de não se endividar.

Um outro segredo que o levou a alcançar tão grande bênção de confiarem Deus, foi a sua resolução de usar o di­nheiro que recebia somente para o fim a que fora destina­do. Essa regra nunca infringiu, nem para tomar empresta­do de tais fundos, apesar de se ter achado milhares de ve­zes face a face com as maiores necessidades.

Nesses dias, quando começou a provar as promessas de Deus, ficou comovido pelo estado dos órfãos e pobres crian­ças que encontrava nas ruas. Ajuntou algumas dessas crianças para comer consigo às oito horas da manhã e a se­guir, durante uma hora e meia, ensinava-lhes as Escritu­ras. A obra aumentou rapidamente. Quanto mais crescia o número para comer, tanto mais recebia para alimentá-las até se achar cuidando de trinta a quarenta menores.

Ao mesmo tempo, Jorge Müller fundou a Junta para o Conhecimento das Escrituras na Nação e no Estrangeiro. O alvo era: 1) Auxiliar as escolas bíblicas e as escolas do­minicais. 2) Espalhar as Escrituras. 3) Aumentar a obra missionária. Não é necessário acrescentar que tudo foi fei­to com a mesma resolução de não se endividar, mas sem­pre pedir a Deus, em secreto, todo o necessário.

Certa noite, quando lia a Bíblia, ficou profundamente impressionado com as palavras: "Abre bem a tua boca, e ta encherei" (Salmo 81.10). Foi levado a aplicar essas pa­lavras ao orfanato, sendo-lhe dada a fé de pedir mil libras ao Senhor; também pediu que Deus levantasse irmãos com qualificação para cuidar das crianças. Desde aquele mo­mento, esse texto (Salmo 81.10), serviu-lhe como lema e a promessa se tornou em poder que determinou todo o curso da sua vida.

Deus não demorou muito a dar a sua aprovação de alu­gar uma casa para os órfãos. Foi apenas dois dias depois de começar a pedir, que ele escreveu no seu diário: "Hoje re­cebi o primeiro xelim para a casa dos órfãos".

Quatro dias depois foi recebida a primeira contribuição de móveis: um guarda-roupa; e uma irmã ofereceu dar seus serviços para cuidar dos órfãos. Jorge Müller escreveu naquele dia que estava alegre no Senhor e confiante em que Ele ia completar tudo.

No dia seguinte, Jorge Müller recebeu uma carta com estas palavras: "Oferecemo-nos para o serviço do orfanato, se o irmão achar que temos as qualificações. Oferecemos também todos os móveis, etc, que o Senhor nos tem dado. Faremos tudo isto sem qualquer salário, crendo que, se for a vontade do Senhor usar-nos, Ele suprirá todas as nossas necessidades". Desde aquele dia, nunca faltaram, no orfa­nato, auxiliares alegres e devotados, apesar de a obra au­mentar mais depressa do que Jorge Müller esperava.

Três meses depois, foi que conseguiu alugar uma gran­de casa e anunciou a data da inauguração do orfanato para o sexo feminino. No dia da inauguração, porém, ficou de­sapontado: nenhuma órfã foi recebida. Somente depois de chegar a casa é que se lembrou de que não as tinha pedido. Naquela noite humilhou-se rogando a Deus o que anelava. Ganhou a vitória de novo, pois veio uma órfã no dia se­guinte. Quarenta e duas pediram entrada antes de findar o mês, e já havia vinte e seis no orfanato.

Durante o ano, houve grandes e repetidas provas de fé. Aparece, por exemplo, no seu diário: "Sentindo grande ne­cessidade ontem de manhã, fui dirigido a pedir com insis­tência a Deus e, em resposta, à tarde, um irmão deu-me dez libras". Muitos anos antes da sua morte, afirmou que, até aquela data, tinha recebido da mesma forma 5.000 ve­zes a resposta, sempre no mesmo dia em que fazia o pedi­do.

Era seu costume, e recomendava também aos irmãos, guardar um livro. Numa página assentava seu pedido com a data e no lado oposto a data em que recebera a resposta. Dessa maneira, foi levado a desejar respostas concretas aos seus pedidos e não havia dúvida acerca dessas respostas.

Com o aumento do orfanato e do serviço de pastorear os quatrocentos membros de sua igreja, Jorge Müller achou-se demasiadamente ocupado para orar. Foi nesse tempo que chegou a reconhecer que o crente podia fazer mais em quatro horas, depois de uma em oração, do que em cinco sem oração. Essa regra ele a observou fielmente durante 60 anos.Quando alugou a segunda casa, para os órfãos de sexo masculino, disse: "Ao orar, estava lembrado de que pedia a Deus o que parecia impossível receber dos irmãos, mas que não era demasiado para o Senhor conceder". Ele orava com noventa pessoas sentadas às mesas: "Senhor, olha para as necessidades de teu servo..." Essa foi uma oração a que Deus abundantemente respondeu. Antes de morrer, testificou que, pela fé, alimentava 2.000 órfãos, e nenhuma refeição se fez com atraso de mais de trinta minutos.

Muitas pessoas perguntavam a Jorge Müller como con­seguia ele saber a vontade de Deus, pois não fazia nada sem primeiro ter a certeza de ser da vontade do Senhor. Ele respondia:

1) "Procuro manter o coração em tal estado que ele não tenha qualquer vontade própria no caso. De dez proble­mas, já temos a solução de nove, quando conseguimos ter um coração entregue para fazer a vontade do Senhor, seja essa qual for. Quando chegamos verdadeiramente a tal ponto, estamos, quase sempre, perto de saber qual é a sua vontade.

2) "Tenho o coração entregue para fazer a vontade do Senhor, não deixo o resultado ao mero sentimento ou a uma simples impressão. Se o faço, fico sujeito a grandes enganos.

3) "Procuro a vontade do Espírito de Deus por meio da sua Palavra. É essencial que o Espírito e a Palavra acom­panhem um ao outro. Se eu olhar para o Espírito, sem a Palavra, fico sujeito, também, a grandes ilusões.

4) "Depois considero as circunstâncias providenciais. Essas, ao lado da Palavra de Deus e do seu Espírito, indi­cam claramente a sua vontade.

5) "Peço a Deus em oração que me revele sua própria vontade.

6) "Assim, depois de orar a Deus, estudar a Palavra e refletir, chego à melhor resolução deliberada que posso com a minha capacidade e conhecimento; se eu continuar a sentir paz, no caso, depois de duas ou três petições mais, sigo conforme essa direção. Nos casos mínimos e nas tran­sações da maior responsabilidade, sempre acho esse méto­do eficiente".Jorge Müller, três anos antes da sua morte, escreveu: "Não me lembro, em toda a minha vida de crente, num período de 69 anos, de que eu jamais buscasse, sincera­mente e com paciência,saber a vontade de Deus pelo ensi­namento do Espírito Santo por intermédio da Palavra de Deus, e que não fosse guiado certo. Se me faltava, porém, sinceramente de coração e pureza perante Deus, ou se eu não olhava para Deus, com paciência pela direção, ou se eu preferia o conselho do próximo ao da Palavra do Deus vivo, então errava gravemente".

Sua confiança no "Pai dos órfãos" era tal, que nem uma só vez recusou aceitar crianças no orfanato. Quando lhe perguntavam porque assumira o encargo do orfanato, respondeu que não fora apenas para alimentar os órfãos material e espiritualmente, mas "o primeiro objetivo bási­co do orfanato era - afirmava -, e ainda é, que Deus seja magnificado pelo fato de que os órfãos sob os meus cuida­dos foram e estão sendo supridos de todo o necessário, so­mente por oração e fé, sem eu nem meus companheiros de trabalho pedirmos ao próximo; por isso mesmo se pode ver que Deus continua fiel e ainda responde às nossas ora­ções".

Em resposta a muitos que queriam saber como o crente pode adquirir tão grande fé, deu as seguintes regras:

1) Lendo a Bíblia e meditando sobre o texto lido, che­ga-se a conhecer a Deus, por meio de oração.

2) Procurar manter um coração íntegro e uma boa consciência.

3) Se desejamos que a nossa fé cresça, não devemos evitar aquilo que a prove e por meio do que ela seja fortale­cida.

"Ainda mais um ponto: para que a nossa fé se fortale­ça, é necessário que deixemos Deus agir por nós ao chegar a hora da provação, e não procurar a nossa própria liberta­ção.

"Se o crente desejar grande fé, deve dar tempo para Deus trabalhar."

Os cinco prédios construídos de pedras lavradas e si­tuados em Ashley Hill, Bristol, Inglaterra, com 1.700 janelas e lugar para acomodar mais de 2.000 pessoas, são teste­munhas atuais dessa grande fé de que ele escreveu.

Cada uma dessas dádivas (devemo-nos lembrar) Jorge Müller lutou com Deus em oração para obter; orou com alvo certo e com perseverança, e Deus lhe respondeu.

São de Jorge Müller estas palavras: "Muitas repetidas vezes tenho-me encontrado em posição muito difícil, não só com 2.000 pessoas comendo diariamente às mesas, mas também com a obrigação de atender a todas as demais despesas, estando a nossa caixa com os fundos esgotados. Havia ainda 189 missionários para sustentar, cerca de 100 colégios com mais ou menos 9.000 alunos, além de 4.000.000 de tratados para distribuir, tudo sob nossa res­ponsabilidade, sem que houvesse dinheiro em caixa para as despesas".

Certa vez o doutor A. T. Pierson foi hóspede de Jorge Müller no seu orfanato. Uma noite, depois que todos se deitaram, Jorge Müller o chamou para orar dizendo que não havia coisa alguma em casa para comer. O doutor Pierson quis lembrar-lhe que o comércio estava fechado, mas Jorge Müller bem sabia disso. Depois da oração deita­ram-se, dormiram e, ao amanhecer, a alimentação já esta­va suprida e em abundância para 2.000 crianças. Nem o doutor Pierson, nem Jorge Müller chegaram a saber como a alimentação foi suprida. A história foi contada naquela manhã, ao senhor Simão Short, sob a promessa de guardá-la em segredo até o dia da morte do benfeitor. O Senhor despertara essa pessoa do sono, à noite, e mandara que le­vasse alimentos suficientes para suprir o orfanato durante um mês. E isso sem a pessoa saber coisa alguma da oração de Jorge Müller e do doutor Pierson!

Com a idade de 69 anos Jorge Müller iniciou suas via­gens, nas quais pregou centenas de vezes em quarenta e duas nações, a mais de três milhões de pessoas. Recebeu, em resposta às suas orações, tudo de Deus para pagar as grandes despesas. Mais tarde, ele escreveu: "Digo com ra­zão: Creio que eu não fui dirigido a nenhum lugar onde não houvesse prova evidente de que o Senhor me mandara para lá". Ele não fez essas viagens com o plano de solicitar dinheiro para a junta; não recebeu o suficiente nem para as despesas de doze horas da junta. Segundo as suas pala­vras, o alvo era "que eu pudesse, por minha experiência e conhecimento das coisas divinas, comunicar uma bênção aos crentes... e que eu pudesse pregar o Evangelho aos que não conheciam o Senhor".

Assim escreveu ele sobre um seu problema espiritual: "Sinto constantemente a minha necessidade... Nada posso fazer sozinho, sem cair nas garras de Satanás. O orgulho, a incredulidade ou outros pecados me levariam à ruína. So­zinho não permaneço firme um momento. Que nenhum leitor pense que devido à minha dedicação, eu não me pos­sa 'inchar' ou me orgulhar, ou que eu não possa descrer de Deus!"

O estimado evangelista, Carlos Inglis, contou a respeito de Jorge Müller:

"Quando vim pela primeira vez à América, faz trinta e um anos, o comandante do navio era devoto tal que jamais conheci. Quando nos aproximamos da Terra Nova, ele me disse: 'Sr. Inglis, a última vez que passei aqui, há cinco se­manas, aconteceu uma coisa tão extraordinária que foi a causa de uma transformação de toda a minha vida de cren­te. Até aquele tempo eu era um crente comum. Havia a bordo conosco um homem de Deus, o senhor Jorge Müller, de Bristol. Eu tinha passado 22 horas sem me afastar da ponte de comando, nem por um momento, quando fui as­sustado por alguém que me tocou no ombro. Era o senhor Jorge Müller. Houve, então, entre nós o seguinte diálogo:

- Comandante - disse o senhor Müller, - vim dizer-lhe que tenho de estar em Quebec no sábado, à tarde.

Era quarta-feira.

- Impossível - respondi.
- Pois bem, se seu navio não pode levar-me, Deus acha­rá outro meio de transporte. Durante 57 anos nunca deixei de estar no lugar à hora em que me achava comprometido.

- Teria muito prazer em ajudá-lo, mas o que posso fa­zer? - Não há meios!

- Vamos aqui dentro para orar - sugeriu.

Olhei para aquele homem e disse a mim mesmo: 'De qual casa de doidos escapou este?' Nunca eu ouvira al­guém falar desse modo.

- Sr. Müller, o senhor vê como é espessa esta neblina.

- Não - respondeu ele - os meus olhos não estão na neblina, mas no Deus vivo que governa todas as circuns­tâncias da minha vida.

O senhor Müller caiu de joelhos e orou da forma mais simples possível. Eu pensei: 'É uma oração como a de uma criança de oito ou nove anos'. Foi mais ou menos assim que ele orou: 'Ó Senhor, se for da tua vontade, retira esta neblina dentro de cinco minutos. Sabes como me compro­meti a estar em Quebec no sábado. Creio ser isso a tua von­tade."

Quando findou, eu queria orar também, mas o senhor Müller pôs a sua mão no meu ombro e pediu que não o fi­zesse, dizendo:

- Comandante, primeiro o senhor não crê que Deus faça isso, e, em segundo lugar, eu creio que Ele já o fez. Não há, pois, qualquer necessidade de o senhor orar nesse sentido. Conheço, comandante, o meu Senhor há cinqüen­ta e sete anos e não há dia em que eu não tenha audiência com Ele. Levante-se, por favor, abra a porta e verá que a neblina já desapareceu.

Levantei-me, olhei, e a neblina havia desaparecido. No sábado, à tarde, Jorge Müller estava em Quebec.'"

Para o ajudar a levar a carga dos orfanatos e a apro­priar-se das promessas de Deus em oração, lado a lado com ele, Jorge Müller tinha consigo, havia quase quarenta anos, uma esposa sempre fiel. Quando ela faleceu, milha­res de pessoas assistiram ao seu enterro, das quais cerca de 1.200 eram órfãos. Ele mesmo, fortalecido pelo Senhor, conforme confessou, dirigiu os cultos fúnebres no templo e no cemitério.

Com a idade de 90 anos pregou o sermão fúnebre da se­gunda esposa, como o fizera na morte da primeira. Uma pessoa que assistiu a esse enterro, assim se expressou: -"Tive o privilégio, sexta-feira, de assistir ao enterro da se­nhora Müller... e presenciar um culto simples, que foi, tal­vez, pelas suas peculiaridades, o único na história do mun­do: Um venerável patriarca preside ao culto do início ao fim. Com a idade de noventa anos, permanece ainda cheio daquela grande fé que o tem habilitado a alcançar tanto, e que o tem sustentado em emergência, problemas e traba­lhos duma longa vida..."

No ano de 1898, com a idade de noventa e três anos, na última noite antes de partir para estar com Cristo, sem mostrar sinal de diminuição de suas forças físicas, deitou-se como de costume. Na manhã do dia seguinte foi "cha­mado", na expressão de um amigo ao receber as notícias que assim explicam a partida: "O querido ancião Müller desapareceu de nosso meio para o Lar, quando o Mestre abriu a porta e o chamou ternamente, dizendo: 'Vem!'"

Os jornais publicaram, meio século depois da sua mor­te, a seguinte notícia: "O orfanato de Jorge Müller, em Bristol, permanece como uma das maravilhas do mundo. Desde a sua fundação, em 1836, a cifra que Deus tem con­cedido, unicamente em resposta às orações, sobe a mais de vinte milhões de dólares e o número de órfãos ascende a 19.935. Apesar de os vidros de cerca de 400 janelas terem sido partidos recentemente por bombas (na segunda guer­ra mundial), nenhuma criança e nenhum auxiliar foi feri­do".

(extraido do livro hérois da fé)